quarta-feira, 1 de junho de 2011

A semana do sítio chega ao fim com muita animação!

Na sexta-feira dia 20, conforme o combinado, todos os personagens do sítio do picapau amarelo apareceram no Centro Social e Dona Benta nos contou uma de suas maravilhosas histórias!

Além da Dona Benta, o Pedrinho, a Narizinho, o Visconde, a boneca Emília, Tia Nastácia, o porquinho Rabicó e até o Saci vieram visitar os educandos do Centro Social. O único problema foi que a Cuca também resolveu aparecer e atrapalhou tudo!! Não deixava a Dona Benta falar e assustou muita gente, mas depois de muita conversa ela resolveu se comportar e também ouviu a história...

Dona Benta contou uma linda história sobre como eram as coisas no seu tempo, e a diferença da vida naquela época para os dias de hoje. Foi muito divertido! Confira as fotos:












Pedrinho pega um Saci na educação física!

Educação física é sempre muito legal, né?!
Mas na quinta-feira, dia 18, ainda na semana do sítio, tenho certeza que a aula foi mais legal ainda!!!
As atividades com o Prof. Felipe foram baseadas na explicação que o Tio Barnabé dá ao Pedrinho sobre como pegar o Saci! Será que os educandos do Centro Social conseguiram pegar algum Saci também??

Pedrinho pega um Saci
(LOBATO, Monteiro. Pedrinho pega um saci. In: LOBATO, Monteiro. O saci. 56.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p.16-17. ISBN: 851119018X.)

Tão impressionado ficou Pedrinho com esta conversa que dali por diante só pensava em saci, e até começou a enxergar sacis por toda parte. Dona Benta caçoou, dizendo:
— Cuidado! Já vi contar a história de um menino que de tanto pensar em saci acabou virando saci... Pedrinho não fez caso da história, e um dia, enchendose de coragem, resolveu pegar um. Foi de novo em procura do tio Barnabé.
— Estou resolvido a pegar um saci — disse ele — e quero que o senhor me ensine o melhor meio. Tio Barnabé riu-se daquela valentia.
— Gosto de ver um menino assim. Bem mostra que é neto do defunto sinhô velho, um homem que não tinha medo nem de mula-sem-cabeça. Há muitos jeitos de pegar saci, mas o melhor é o de peneira. Arranja-se uma peneira de cruzeta...
— Peneira de cruzeta? — interrompeu o menino. — Que é isso?
— Nunca reparou que certas peneiras têm duas taquaras mais largas que se cruzam bem no meio e servem para reforço? Olhe aqui — e tio Barnabé mostrou ao menino uma das tais peneiras que estava ali num canto. Pois bem, arranja-se uma peneira destas e fica-se esperando um dia de vento bem forte, em que haja rodamoinho de poeira e folhas secas. Chegada essa ocasião, vai-se com todo o cuidado para o rodamoinho e zás! — joga-se a peneira em cima. Em todos os rodamoinhos há saci dentro, porque fazer rodamoinhos é justamente a principal ocupação dos sacis neste mundo.
— E depois?
— Depois, se a peneira foi bem atirada e o saci ficou preso, é só dar jeito de botar ele dentro de uma garrafa e arrolhar muito bem. Não esquecer de riscar uma cruzinha na rolha, porque o que prende o saci na garrafa não é a rolha e sim a cruzinha riscada nela. É preciso ainda tomar a carapucinha dele e a esconder bem escondida. Saci sem carapuça é como cachimbo sem fumo. Eu já tive um saci na garrafa, que me prestava muitos bons serviços. Mas veio aqui um dia aquela mulatinha sapeca que mora na casa do compadre Bastião e tanto lidou com a garrafa que a quebrou. Bateu logo um cheirinho de enxofre. O perneta pulou em cima da sua carapuça, que estava ali naquele prego, e “até logo, tio Barnabé!”
Depois de tudo ouvir com a maior atenção, Pedrinho voltou para casa decidido a pegar um saci, custasse o que custasse. Contou o seu projeto a Narizinho e longamente discutiu com ela sobre o que faria no caso de escravizar um daqueles terríveis capetinhas. Depois de arranjar uma boa peneira de cruzeta, ficou à espera do dia de São Bartolomeu, que é o mais ventoso do ano.
Custou a chegar esse dia, tal era sua impaciência, mas afinal chegou, e desde muito cedo Pedrinho foi postar-se no terreiro, de peneira em punho, à espera de rodamoinhos. Não esperou muito tempo. Um forte rodamoinho formou-se no pasto e veio caminhando para o terreiro.
— É hora! — disse Narizinho. — Aquele que vem vindo está com muito jeito de ter saci dentro. Pedrinho foi se aproximando pé ante pé e, de repente, zás! — jogou a peneira em cima.
— Peguei! — gritou no auge da emoção, debruçando-se com todo o peso do corpo sobre a peneira emborcada.
— Peguei o saci!... A menina correu a ajudá-lo.
— Peguei o saci! — repetiu o menino vitoriosamente.
— Corra, Narizinho, e traga-me aquela  garrafa escura que deixei na varanda. Depressa! A menina foi num pé voltou noutro.
— Enfie a garrafa dentro da peneira — ordenou Pedrinho — enquanto eu cerco dos lados. Assim! Isso!...
A menina fez como ele mandava e com muito jeito a garrafa foi introduzida dentro da peneira.
— Agora tire do meu bolso a rolha que tem uma cruz riscada em cima — continuou Pedrinho. — Essa mesma. Dê cá.
Pela informação do tio Barnabé, logo que a gente põe a garrafa dentro da peneira o saci por si mesmo, entra dentro dela, porque, como todos os filhos das trevas, tem a tendência de procurar sempre o lugar mais escuro. De modo que Pedrinho o mais que tinha a fazer era arrolhar a garrafa e erguer a peneira. Assim fez, e foi com o ar de vitória de quem houvesse conquistado um império que levantou no ar a garrafa para examiná-la contra a luz.
Mas a garrafa estava tão vazia como antes. Nem sombra de saci dentro... A menina deu-lhe uma vaia e Pedrinho, muito desapontado, foi contar o caso ao tio Barnabé.
— É assim mesmo — explicou o negro velho. — Saci na garrafa é invisível. A gente só sabe que ele está lá dentro quando a gente cai na modorra. Num dia bem quente, quando os olhos da gente começam a piscar de sono, o saci pega a tomar forma, até que fica perfeitamente visível. E desse momento em diante que a gente faz dele o que quer. Guarde a garrafa bem fechada, que garanto que o saci está dentro dela. Pedrinho voltou para casa orgulhosíssimo com a sua façanha.
— O saci está aqui dentro, sim — disse ele a Narizinho, — Mas está invisível, como me explicou tio Barnabé. Para a gente ver o capetinha é preciso cair na modorra — e repetiu as palavras que o negro lhe dissera. Quem não gostou da brincadeira foi a pobre tia Nastácia. Como tinha um medo horrível de tudo quanto era mistério, nunca mais chegou nem na porta do quarto de Pedrinho.
— Deus me livre de entrar num quarto onde há garrafa com saci dentro! Credo! Nem sei como Dona Benta consente semelhante coisa em sua casa. Não parece ato de cristão...

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